Road to Berlim

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Road to Berlim

Vendo muitos amigos sendo sorteados para a maratona de Berlim de 2019, fico lembrando da minha prova esse ano. Essa foi uma prova inesquecível, onde consegui o meu melhor tempo em maratonas (até então, espero). 

Berlim foi minha terceira maratona. A primeira foi Nova York em 2016, seguida de Buenos Aires em 2017. O meu objetivo inicial sempre foi fazer um sub-4. Em NY, tive muitas câimbras e passei longe do objetivo. Em Buenos Aires, fiquei por 10 segundos no tempo oficial - 04:00:09! 

Para Berlim, me coloquei uma meta de 03:45:00, o que significa correr a prova toda numa velocidade média de 5:20 minutos/km (ou 11.25 km/h). Mesmo sabendo que esse era um ritmo que tinha conseguido imprimir apenas em distâncias bem mais curtas, decidi que esse era um número bom. Não sabia como chegar lá ainda, mas na minha visão meta boa é aquela que é grande suficiente que te dá um frio na barriga e que você inicialmente não sabe como bater. 

Eu e a minha esposa - que também corre - chegamos em Berlim na quinta-feira à tarde. Chegando mais cedo conseguimos aproveitar a expo na sexta-feira, descansar no sábado e termos tempo de entrar no fuso. A feira é em um aeroporto desativado que fica no meio da cidade - o lugar é bastante grande e com muitos expositores. Passamos a tarde inteira lá e vale a pena a visita.

Meu conselho é ir o quanto antes, pois as coisas mais bacanas acabam cedo. Nesse ano, com o lançamento do Nike Vaporfly 4%, o stand da Nike estava muito legal (apesar do patrocínio da prova ser da Adidas).

Ficamos em um hotel próximo ao zoológico, que é relativamente perto do portão de Brandemburgo. Alugamos uma scooter, o que eu recomendo pela facilidade de locomoção e estacionamento - você pode estacionar em cima de qualquer calçada como uma bicicleta. Inclusive, fomos de scooter até a largada e foi muito tranquilo.

Como já tinha deixado tudo pronto e separado na noite anterior - tênis, meia, bermuda, camiseta, pochete já equipada com gel de carboidrato e numero, boné, óculos e relógio - o dia da prova ficou bem mais tranquilo. Saímos do hotel aproximadamente 1 hora e meia antes da nossa largada, a penúltima onda, as 9:45am. Estacionamos próximo ao portão de Brandemburgo e fomos para a concentração, que é restrita aos corredores.

A prova, para quem larga mais atrás, é bem cheia - afinal são mais de 44 mil corredores. Mesmo assim, o clima na largada é muito legal e, como a Strasse des 17. Juni -  a linda avenida de onde largamos - é bem larga, deu para começar correndo normalmente. Consegui correr no pace que quis a grande maioria do percurso, mas me vi tendo que desviar de muita gente no caminho e diminuindo em curvas mais fechadas e nos postos de hidratação. Apesar de cheios, os postos de hidratação são bem distribuídos e com diversas mesas.

Como sei que em maratonas eu não consigo fazer splits negativos (quando você vai acelerando gradativamente ao longo de prova), o jeito foi começar um pouco - não muito - mais rápido (entre 5:10-5:15/km) para criar uma margem de segurança e poder compensar o cansaço que invariavelmente bate ao final da prova.Aquele dia estava relativamente quente para a época do ano. Historicamente a temperatura em Berlim em setembro fica entre 10 e 19oC. Naquele domingo estava quase 20oC.

O trajeto é bem bonito e totalmente plano. A prova passa por diversos bairros e lugares icônicos da cidade, como o Reichstag no km7, o Rathaus Schoneberg no km23, a Potzdamer Platz no km38 e finalmente portão de Brandemburgo no km41. Aliás, uma das principais dicas para quem vai correr em Berlim é que a maratona não acaba no portão de Brandemburgo - depois de passar pelo portão ainda tem uns bons 500m até a chegada!

Mesmo sabendo disso, quando fiz a última curva e vi o portão ainda um pouco longe, recebi uma injeção de adrenalina e felicidade que me fez esquecer o cansaço que já tinha batido forte e me feito caminhar por alguns minutos desde o km39 para evitar as câimbras. Nessa última reta, a briga entre o corpo e a cabeça, que já vinha acontecendo em silêncio desde o km30, agora era em voz alta. Entre uma risada de alegria e outra, eu dizia para mim mesmo "só mais um pouquinho, já está chegando!”. Foi assim até a chegada.

A sensação de cruzar a linha de chegada de uma maratona em qualquer condição já é um sentimento incrível. Em Berlim, tive a sorte de fazer isso superando minha meta de tempo pela primeira vez (fiz a prova em 3:42:25) - essa sensação foi ainda mais especial.

O pós-prova em Berlim é em um gramado enorme em frente ao Reichstag. Vale a pena ficar um pouco por lá deitado na grama e curtindo o ambiente. Eu e a Camila ficamos um bom tempo descansando nesse gramado. No ato da inscrição, você faz uma escolha entre porta-volumes e poncho - eu escolhi o poncho e confesso que foi de pouca utilidade naquele dia porquê estava bem quente, mas imagino que seja muito útil em dias frios (e para ter um souvenir a mais).

Também no ato da inscrição eu comprei a gravação de medalha, que também recomendo fazer. A tenda de gravar as medalhas fica logo na saída da área reservada para os corredores e aí você vê a eficiência alemã funcionando perfeitamente. A fila, que era enorme, durou menos de 15 minutos. Depois disso, de medalha no peito e sorriso no rosto, pegamos nossa scooter e voltamos para o hotel.

Na verdade, para mim a prova foi o final de um ciclo muito mais longo, que exigiu disciplina, renúncia e dedicação. Falando assim, até parece que foi ruim, mas posso dizer que aproveitei bastante o período de preparação - curti cada um dos mais de 1,000km que corri nos seis meses que antecederam a prova. Para mim, acordar antes do sol nascer e abrir mão de comer ou beber o que queria foi difícil, mas ter feito uma boa prova foi a melhor recompensa por todo esse esforço.

Abraços,

Arthur Siqueira

 

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